Fumantes têm risco 20 vezes maior de desenvolver
tumores pulmonares. Apesar das intensas campanhas de conscientização, Brasil
deve fechar 2018 com mais de 31 mil novos casos registrados da doença
O
tabagismo está na origem de 90% de todos os casos de câncer de pulmão no mundo,
sendo responsável por ampliar em cerca de 20 vezes o risco de surgimento da
doença. Além disso, o hábito de fumar aumenta as chances de desenvolver ao
menos outros 13 tipos de câncer: de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago,
pâncreas, fígado, intestino, rim, bexiga, colo de útero, ovário e alguns tipos
de leucemia.
Apesar
de esses dados não serem novidade, o país ainda registra um elevado número de
casos de neoplasias malignas entre a população fumante. Segundo o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deverá somar 31.270 novos casos de tumores
pulmonares em 2018.
Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a primeira maior causa de
morte evitável no mundo. O cigarro também é prejudicial para quem convive com o
fumante, sendo que o fumo passivo é a terceira maior causa de morte evitável.
Além de possuir mais de 4.000 produtos químicos, sendo 60 deles já
identificados como cancerígenos, o tabaco pode causar inúmeros outros tipos de
doenças, como as cardiovasculares (infarto, angina) e as doenças respiratórias
obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite).
A
médica Juliana Alvarenga, oncologista clínica do Centro Capixaba de Oncologia
(Cecon), unidade capixaba do Grupo Oncoclínicas, destaca que existem dois tipos principais de câncer de pulmão:carcinoma de pequenas células e de não
pequenas células. O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos
casos e se subdivide em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de
grandes células. O tipo mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e atinge 40%
dosdoentes.
Juliana
ressalta que o câncer de pulmão é uma doença silenciosa em suas fases iniciais.
“Quando surgem os sintomas, como tosse, falta de ar e catarro com sangue, a
doença já está em estágio avançado e, muitas vezes, não há mais potencial de
cura. Dentre todos os tipos de câncer, o de pulmão
é o que mais mata e tem perfil agressivo”, explica a oncologista.
O tratamento do
câncer de pulmão se baseia em cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A indicação dacirurgia depende
principalmente do estadiamento, tipo, do tamanho e da localização do tumor,
além do estado geral do paciente.
E se eu parar de fumar?
A
oncologista do Cecon alerta que parar de fumar é a principal forma de evitar a
doença, já que qualquer contato com o cigarro é nocivo. Para isso, é importante
procurar ajuda já que as substancias presentes no cigarro causam dependência,
assim como ocorre com as drogas. “Existem programas na rede pública com equipes
multidisciplinares que dão o suporte necessário a quem deseja largar o vício”,
informa Juliana Alvarenga.
Principal fator de
risco evitável de tumores pulmonares, o tabaco está presente em cigarros,
charutos, cachimbos, narguilé e também nos cigarros eletrônicos. E, ao
contrário do que muitos usuários destes produtos acreditam, nunca é tarde
demais para parar. Segundo a especialista do Cecon, os benefícios à saúde
começam apenas 20 minutos após interromper o vício: a pressão arterial volta ao normal e afrequência do pulso cai aos
níveis adequados, assim como a temperatura das mãos e dos pés sãonormalizadas.
Em 8 horas, os níveis de monóxido de
carbono no sangue ficam regulados e o de oxigênio aumenta. Passadas 24 horas, o risco de se ter um acidente
cardíaco relacionado ao fumo diminui. E após apenas 48 horas, as terminações
nervosas começam a se recuperar de novo e os sentidos de olfato e paladar
melhoram. De duas semanas a três meses, a circulação sanguínea melhora
consideravelmente. Caminhar torna-se mais fácil e a função pulmonar melhora em
até 30%.
A partir de um a nove meses, os sintomas
comuns em fumantes, como tosse, rouquidão, e falta de ar ficam mais tênues. Em
cinco anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão de uma pessoa que fumou
um maço de cigarros por dia diminui em pelo menos 50%. Quinze anos após parar
de fumar, torna-se possível assegurar que os riscos de desenvolver câncer de
pulmão se tornam praticamente iguais aos de uma pessoa que nunca fumou.
Para mais informações, acesse www.eseeuparardefumar.com.br.
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